quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Meu Papai Noel usava botas brancas

Sim, botas brancas, de plástico para serem usadas por quem trabalha em frigoríficos. Era Natal há muitos anos e eu tinha pavor do tal Papai Noel, ano a ano alguém era eleito e vestia a roupa vermelha. Naquele dezembro o bom velinho apareceu de botas brancas e logo chamou atenção.

Foi na casa desse Papai Noel que passei vários natais, jantas, almoços. Era lá que tinha o pastor alemão mais fiel do mundo. Foi lá que eu podia tocar a música que eu quisesse. São boas lembranças.

Só que os meus “papais” sempre foram rabugentos e em algum ano que eu não lembro ao certo resolveram que o Natal seria na suas respectivas casas. Cabeças dura, nenhum mudou de ideia e meu Natal mudou de Papai Noel.

A mãe dos meus bons velhinhos começou a se dividir e o nosso Natal mudou. E eu fiquei sem um dos “papais”. No último dezembro não houve a pergunta “Onde vai ser o Natal?” e fiquei para sempre sem o meu Papai Noel.

Papai Noel rabugento, careca, de risada fácil, de bordões próprios, cheio de histórias, gostava da carne gorda, da cerveja gelada, do arroz com bacalhau. Sorriso, marca registrada da família, tem aparecido seguidamente nos meus sonhos.

Peço todos os dias que a estrela mais brilhante no céu seja esse sorriso que me enche de saudade.

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