quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Um Marley em minha casa

No dia que resgatei o Zé e convenci a mãe a deixar que ele ficasse aqui em casa sabia que estava assumindo uma enorme responsabilidade. As primeiras noites foram de choro e algo desesperado, até que ele parou no meu quarto. Esse foi só o começo de meses em que minhas tardes ganharam tarefas diferentes, minhas noites tem resmungos e minhas manhãs choros antes das 8 horas.

Desde de maio podemos contabilizar dois pedaços a menos no sofá, alguns lençóis rasgados, a capa do acolchoado sem botões, o chapéu preferido do pai sem aba (era o oh aquilo), a minha bota sem fivela, a pantufa da Betty Boop que eu perdi na primeira semana, o disco de vinil do Chico Buarque, o meu gloss mais brilhoso (o preferido da Pietra), o cadarço do meu tênis.

De que vale tudo isso? O que eu ainda faço com esse cachorro em casa? Vale o amor, o carinho, o abraço que está ficando gigante. Vale cada chegada em casa, cada brinquedo que ele entrega. Não sou uma pessoa doente, mas posso ter dois cachorros dentro de casa porque eles me fazem bem. Tive dias complicados aqueles que dou choque no olhar e o Zé, versão Marley amoroso, e a Amora não se importaram com isso. Enfrentamos o inverno mais chuvoso que me lembro nos últimos anos, foram cerca de 15 dias trancados dentro de casa e sendo salvos pelos jornais.

Pouco importa se os jornais viram monstros e ele precisa atacar, destroçar, picar. Grande coisa que o saco de plástico que alguém jogou fora do lixo (esse sim errou) e ele despedaçou pela casa. É só juntar. O que fica é amor, é felicidade, é sorriso, é lambida. Posso lavar e varrer a casa quantas vezes for preciso, é só adaptar as rotinas.

A lealdade não há o que pague, muito menos a cumplicidade do olhar.

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