sábado, 29 de agosto de 2009

Dias que não deixarei para trás

Não sei você, mas na minha infância e adolescência eu participei de tudo que pude. Coral da escola, patinação, conselho escolar, banda marcial e tudo mais que tinha. Hoje vendo as fotos eu sinto uma saudade. Do tempo que eu achava o compromisso do ensaio o mais importante e a prova de matemática a pior de todas. Bons tempos aqueles. De tudo que participei a que mais me faz ter crises nostálgicas é a banda. Eu vivi quase dez anos em torno de ensaios, apresentações, festivais e concursos. Digo com orgulho: - eu fiz parte da história da Banda dos Dragões. Campeã estadual, pela AGB, pela FEBARGS, detentora de inúmeros títulos. Para me desligar dessa paixão foi complicado, eu toquei escaleta, fui mor e por último estava só no apoio. Mas o arrepio na raia de apresentação sempre foi o mesmo, independente da função. E como tudo na vida sempre muda, as mudanças na banda foram me afastando daquele sonho que tinha virado realidade. Hoje me dói olhar uma apresentação, parece que os que ali estão não têm o mesmo amor que a gente tinha a mesma vontade, a mesma garra. Sei lá se isso é porque estou de fora, acredito que eles não têm mesmo. Até podem ter, mas falta a Rosi dando aquele sermão pré apresentação, ou o Roberto esculachando com todas as letras um ensaio. Tudo que só nos fazia crescer. Quem sabe lembrar tempos mais remotos, o seu Chiappa e seus quinze minutos de tolerância, e a Eni enlouquecendo um dia antes do concurso enquanto a gente lustrava instrumentos e carregava os ônibus. A banda me proporcionou amizades, orgulhos e lições que servem para vida toda. O meu nipe já foi destaque, a postura e a responsabilidade são essenciais. Quando tive na função de mor, aquele que fica ali na frente da banda, dando os comandos, e, diga-se de passagem, sozinho. Aprendi a respirar pelo diafragma para poder gritar de uma forma que toda a banda me ouvisse, das bandeiras a bateria. Eu consegui! A perna tremia sempre, mas depois da apresentação respirava aliviada. E tudo sempre valeu a pena, o chapéu apertado, as sete peças de brim que no calor de Carazinho eram verdadeiras saunas, até mesmo a saia de lã que usei quando levei a flâmula vestida de açoriana. A recompensa, além das lembranças, está em dois lugares no meu quarto com a minha medalha de Componente de Ouro exposta. E a outra está no Museu Barão de Santo Ângelo, aqui em Rio Pardo, a minha farda, ainda de brim, que foi doada quando os nossos uniformes foram refeitos com um tecido mais leve. Nunca mais vou escutar a frase inicial do histórico “Ao falarmos da Banda dos Dragões...” na voz do locutor de festivais e concursos, mas na minha memória ela é automática quando vejo qualquer coisa que remeta aos Dragões.

7 de setembro de 2004. Mor, Componente de Ouro.

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